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    quinta-feira, 11 de maio de 2023

    Rita Lee é história da música popular brasileira


    A mulher que demoliu mitos e enfrentou paradigmas

    Por Fernando Pereira

    Jornalista, fotógrafo e professor de Cultura Brasileira da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Rita Lee ajudou a transformar o cotidiano brasileiro. No final das contas, ela perseguiu e abriu caminhos. Faz parte de sua herança e legado uma geração de mulheres prontas para enfrentar o final do século 20 e o início do 21, numa sociedade menos preconceituosa.

    Dizer que Rita Lee inovou e quebrou regras não chega a ser uma informação nova. Longe disso. Mas, quando se pensa no perfil da artista, é preciso lembrar que uma das inovações que Rita promoveu foi na forma como o ídolo se mostrava ao público. Na década de 60, ela e Os Mutantes não vendiam apenas música. Vendiam, também, um estilo de vida. E como isso incomodou. Assim, boa parte da informação sobre a vida da artista se confunde com a informação de sua carreira. Ao contrário de outros cantores e compositores, que conseguiram preservar um pouco de sua intimidade, a vida de Rita foi pública durante toda sua existência e, por isso, virou história. História da música popular brasileira.

    A menina rebelde de pular muros no bairro da Pompeia nunca desapareceu. Só completou a artista que virou o avesso do avesso, mulher capaz de criar filhos e demolir muros. Demolir mitos.

    Basta olhar o álbum de família de Rita. São amostras de ciclos. Suas fotos mais antigas são lembranças de um modo de vida que a própria Rita ajudou a mudar. A partir de suas fotos mais recentes, podemos imaginar a Rita-mãe, a Rita-mulher, a Rita-popstar, mais recentemente a Rira-escritora, criando seus filhos, depois os netos, lidando, orgulhosa, com o produto da revolução de costumes que ela peremptoriamente ajudou a acontecer.

    Ninguém como Rita canta a festa da vida sem pecado, sem culpa, sem aflição, o prazer de se entregar completamente a tudo que a vida oferece. E com isso invadiu a vida das pessoas. De todas as idades, de diferentes classes sociais. Graças a essa menina/mulher o Brasil perdeu o pudor puritano e fingido, sentiu-se capaz de amar sem vergonha, de simplificar as relações e os sentimentos.

    Rita Lee conseguiu feitos impressionantes. Ela é, na verdade, o rock brasileiro, filha do tropicalismo, síntese dos movimentos musicais que se sucederam a partir da bossa nova. Por falar em bossa nova, João Gilberto, o maior dos representas desse gênero, dizia que Rita cantava rock com voz de bossa nova. Nada mais verdadeiro.

    Se nada tivesse feito Rita Lee Jones, bastaria o fato de cantar nas casas e nos carros de todo o país o convite esperto de Lança Perfume: "Vê se me dá o prazer de ter prazer comigo".

    Nada enrustido ou com meias-palavras. Usou sim todas as palavras e as partes do corpo para se abrir ao amor. Amor livre de preconceitos. Rita Lee esfregou na cara das pessoas e de uma sociedade conservadora, o gosto pelo gozo, a alegria da entrega, a cumplicidade esfomeada da mulher no ato de amar. E foi uma das responsáveis pela abertura dentro da abertura (a política, nos anos 80). Rita colocou, como poucas, o feminino em pauta. Não o feminino feminista. Mas o feminino da mulher que entrava cada vez mais no mercado de trabalho, que, ainda timidamente, começava a encontrar melhores cargos; da mulher divorciada que criava os filhos e tinha que se abrir a novas experiências. Rita sintetizava o feminino da mulher-metrópole. Meio mãe, meio dona-de-casa, meio funcionária, meio musa, mas principalmente a mulher cidadã.

    Para encerrar, nada como um poema dedicado a ela, escrito ainda nos anos 80, pelo parceiro e amigo de Tropicália Tom Zé:

    MAS, E RITA LEE?

    NÃO EXISTE FADA NEM CONTO-DE-FRALDAS. MAS, E RITA?

    NADA DE FEITIÇOS, PRINCESAS ENCANTADAS, MUSAS E BRUXAS. MAS, E RITA?

    NÃO EXISTE LERO-LERO, LÚDICA E LÍRICA. MAS, E RITA?

    FUXICO, CHICOTINHO QUEIMADO NEM CRIANÇA. ISSO IRRITA!!! MAS, E RITA?

    TIRIM TIRIM TIRIM. DIM DIM, ABRE-SE O PANO DO OUTRO LADO DO ESPELHO.

    É RITA.

    Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie 

    A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) está na 71a posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times Higher Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Comemorando 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.